sexta-feira, maio 30, 2008

Festas na escola

Três dias antes uma delegação do 4º. ano passou pelo meu gabinete. A Odete ia fazer anos e queriam fazer-lhe uma surpresa.
A Odete é uma querida Colega. Trabalhamos juntos, há muitos anos, na Escola Pública, antes, na Escola Privada, há 12 anos. Excelente profissional, tem todas as qualidades que a fizeram tão especialo junto destes Garotos que educa, instrui e forma, há 4 anos. Esta explicação ajuda a compreender o que vem a seguir.
Uma vez que o Quico, do mesmo grupo, também faz anos, no mesmo dia, sugeri que as festas, previstas fartas, fossem repartidas por dois dias. Ouviram, calaram e saíram. A Diana voltou, pouco depois, em nome de todos, "se eu autorizava... que festa só é festa mesmo no dia... blá...bla´..." "Ó Diana, as festas não são minhas, mas vossas. Nisso eu nada mando..."
Acabei também convidado. Não era esse o preço da negociação, mas tenho a sorte de os ter por Amigos!Com uma condição: era segredo. E eles sabem que aquela sala é o confessionário da Escola.
O ansiado dia chegou! A manhã estava um tanto nublada para esta Primavera que tarda em chegar. Mas sentia-se que andava qualquer coisa no ar. O brilho nos olhos dos alunos do 4º. ano, os cochichos, as entradas e saídas, a presença um pouco mais demorada de algumas Mães, solícitas e atentas, o pedido de dispensa do almoço geral, o grande arranjo de flores na mesa da Odete, o quadro - sim, nós ainda usamos quadro!!! uns atrasados para alunos tão brilhantes!!! -enfeitado com tanta arte e Amor, tudo dizia que ia ser um dia diferente. O caso também não era para menos. Também esta sua querida Amiga está de partida, como eles, e não mais estará na Escola a festejar o seu aniversário. Claro está que as actividades lectivas estavam um tanto "prejudicadas", se isto se pode dizer quando se está também muito interessado na construção de pessoas sábias, competentes para além do comum, mas também com um grande coração e um doce carácter aliado a forte vontade de escolher o melhor para si a para os outros.
A campainha ouviu-se por toda a Escola anunciando o intervalo e a hora do almoço. Do 4º. ano saem uns, entram outros, informa-se a Odete de que querem almoçar mais tarde para ninguém os perturbar no almoço comum. Passavam 40 minutos do meio-dia. Dera-se o jeito para reter a Professora na sala de aula e, quando chega ao refeitório, as portas estão fechadas. "Mas que é isto?" Bate à porta, espera. A grande sala abre-se. Os parabéns mais alegremente cantados que já ouvi, Mesas onde tudo de bom sobre elas abundava, sobretudo porque o Amor estivera presente. Mãe e pais, avós, alunos e amigos uniram-se para este momento. Beijos e abraços. Emoção muito forte e lágrimas teimosas corriam da cara desta querida Amiga. Que se misturaram com outras. Depois foi a satisfação da partilha de um almoço que era de todos para todos.
Querida Odete, querido 4º. ano, uma turma fantástica para uma professora fantástica. Um momento inolvidável em que tive a alegria de estar. Estou mais rico, todos nós estamos!
Então e o Quico? Não, não é a pedra da "sopa de pedra", para outra festa.
Acabou a da Odete?! Pois sim! Pelas 15 horas já estava outra em movimento, a do nosso Quico, tão educado, tão doce, tão meigo que, como a irmã e os primos todos que cá andaram, vai ser mais uma grande saudade. Para sempre.
Parabéns, Quico! Parabéns, Odete! Que Deus continue a abençoar-vos. Gosto muito de vós e nunca vos esquecerei! Obrigado!!!

segunda-feira, maio 26, 2008

Segunda feira da sapateiro...

Esta língua pátria (porque não língua mátria? machismos?!) lança-nos na "eterna dúvida" (outra estória ou história bem divertida...)
"No tempo em que os animais falavam..." ou "quando Deus andava pelo mundo..." - assim começavam os contos/estórias/histórias que a minha avó materna me contava e com que me encantava - há muitos e muitos anos, os homens organizavam-se em corporações com seu estandarte, santo padroeiro e dia de festa, normalmente regada com copos de tinto, ou branco, ou verde, ou maduro (vinho, claro, ou escuro também se fosse tinto... esta língua pátria/mátria traiçoeira).
Assim os carpinteiros tinham o seu S. José, os Pescadores o seu S. Pedro... Só os Sapateiros não gozavam de um dia para festejar o seu Santo, o que lhes causava grande privação e/ou provação. Uma vergonha para a classe. Padroeiro tinham, S. Crispim, mas em que dia festejá-lo?As opiniões dividiam-se e apenas uma pista: a última referência certa conhecida, uma incerta segunda-feira. E se o ano tem 52 desses dias de começo de semana de trabalho! Uma fartura!!! Não ter nenhum para festejar ou ter tantos? A escolha foi fácil: se não há dia certo celebram-se as 52 segundas-feiras do ano.Uma festa pegada, a que só se sucederia o carnaval do Rio de Janeiro. Não, esta do carnaval não faz parte da história/estória. E daí para diante, os sapateiros prolongaram o fim de semana e, hoje, sempre que um de nós, e somos muitos, vai com preguiça para o trabalho, o que acontece quase sempre, com o corpo a puxar para a festa e/ou para o descanso, exclama:
- Oh! Sinto-me em "2ª. feira de sapateiro".
Isto desde o tempo em que os animais falavam, ou mesmo desde quando Deus andava pelo mundo...

domingo, maio 25, 2008

O "estado da nação"...

Estimado Colega,
Tenho alegria em lhe dizer que sou seu conterrâneo, não no sentido lato, mas quase restrito, pois nascemos no mesmo Concelho. Vi a primeira luz do dia e fiz-me jovem, em Aldeia de João Pires. Ainda por lá ensinei, na "primária", durante 5 anos - 2 am Aldeia do Bispo e 3 em Penamacor, com quase 4 anos de tropa, pelo meio, 2 anos dos quais em África - aonde voltei, em 1971, como professor, tendo-me fixado em Setúbal, a partir de 1974 e por aqui vou dar fim àcarreira de 47 anos, se Deus quiser, em 31 de Agosto.
Conheço várias pessoas na Meimoa - a Ana Madeiras é minha comadre, embora vão nos vejamos há anos - o António Cabanas Moiteiro e a Clara, sua esposa, são aqui quase meus vizinhos - vivo em Palmela e eles em Azeitão, mas já o vi esta semana. Quando vou a Aldeia, de vez em quando gosto de almoçar num dos restaurantes lá da sua Meimoa, embora já fosse mais entusiasta pelo passeio e refeição do que o sou, actualmente. O texto que tão bem exprime o seu pensar, repito, como no anterior, honrar-me-ia subscrevê-lo. Eu lido com pessoas, como já disse, que procuram o Ensino Privado, em desespero de causa e não por vaidade, pois o Estado não responde aos seus anseios. E têm de pagar por isso duas vezes, mensalidades e impostos, com enorme sacrifício, na maior parte dos casos com que lido, diariamente. O que esta Ministra tenta implementar nas Escolas Públicas, um acolhimento condigno e ensino de qualidade, passe a vaidade, já se praticava na Escola nº. 8 de Setúbal, sob a minha modesta direcção, nos anos 80. Lá recebíamos as Crianças das 8 às 19 horas, sendo isto uma completa novidade, naquela Cidade. Fundou-se a "Liga de Amigos da Escola" e, com os Pais, levámos a cabo um Projecto interessante, pelo menos. O primeiro jardim de infância público da península de Setúbal também lá foi instalado poucos meses depois da publicação do Decreto que os criava e permitia. Não se vai à Escola ou à Saúde privadas por vaidade, mas porque os Sistemas Públicos não funcionam. Dei-lhe exemplos, na comunicação anterior e não vou repetir-me para não ser maçador, mas os casos de mau atendimento são aos milhares e o nosso Povo sofre a "ditadura da mediocridade" que é quase tão má, segundo vejo, ouço e leio, como a "Dita Dura". Escolheu as grandes áreas em que uma Democracia a sério devia assentar e que são fundamentais para que, no seu funcionamento correcto, tornem os cidadãos mais iguais e felizes: a Educação, a Saúde e a Justiça. Mas olhe à sua volta e, creio-o, a "paisagem" é desoladora. Estão as Crianças e os Jovens portugueses a receber a Escola que precisam e merecem? Não, em meu entender. Ainda agora as famigeradas provas de aferição foram de uma "tristeza" incrível: professores tratados abaixo de cão pelas disparatadas exigências que eram feitas aos "aplicadores", quase como mentecaptos; crianças "avaliadas" como imbecis, pois as provas podiam ser resolvidas pelos alunos bem preparados do ano anterior, com resultados satisfatórios; uma despesa tremenda, sem resultados práticos - no fundo, as provas não servem para nada! - com desperdício de dinheiros públicos e um verdadeiro ataque ao ambiente - cada prova, em média, tinha 20 páginas e se o grupo tivesse 21 alunos, como vinham em pacotes de 10, lá iam nove exemplares para as"sobras"...
E os Doentes têm o acolhimento, a solicitude e o tratamento por que tanto anseiam? Não e não, pelo que vejo e sinto. E a Justiça? Ah! A Justiça, a justiça, tenho de a escrever com letra pequena... Só mais um pequeno episódio pessoal: a minha mulher, também professora, foi humilhada e ofendida dentro da própria sala de aula, por uma mãe. Decidimos levar o caso a tribunal. Sabe qual foi a nossa sorte? O Juiz estava casado com uma professora e "compreendeu" a situação, abrigando a queixosa no seu próprio gabinete para a livrar dos "desaforos" da ré. Impunemente! Mas isto é um pequeno "aperitivo" comparando-o com o que vai por aí. Quem, no seu perfeito juízo, leva uma ofensa a tribunal?
Outro dever do Estado que não referiu nas suas escolhas, a Segurança. Se alguém se quer sentir, com relativa "segurança", terá enormes encargos, sendo Privada ou Pública a pagar "por fora". O resto dos cidadãos encontra-se completamente indefeso, com destaque para os mais fracos, Crianças e Idosos, mas que nenhum pacato cidadão se arme em valente porque "quem se mete...com eles..leva". Sem remissão. E as actividades que deviam ser privadas, sobretudo no campo económico - pescas, agricultura, comércio, indústrias... - estão com cargas pesadíssimas. Saio da Escola, embora já com 65 anos, não pelas Crianças, não pelos Pais ou Trabalhadores docentes ou não docentes, mas porque estou cansado, cansado da burocracia. E garanto-lhe que todos os nossos impostos e encargos estão, religiosamente, pagos, em dia.
O director do Rádio Clube de Monsanto, Prof. Joaquim Fonseca e também nosso Colega, que faz o favor de ser meu Amigo, debate, às vezes, estas questões comigo, via internet. Agora anda a "desatinar-me" para uma conversa, a dois, pelas ondas hertzianas. Vou-lhe propor um "directo", agarrando a sua ideia, a 3 ou 4 ou 5... a partir da sua praia fluvial, lá na Meimoa. Ia ter muita piada...
Já chega, por hoje, que a sua bondade e paciência têm limites.
Abraço amigo do
António Serrano

Escola pública versus escola privada?

Amigos,
Fui professor na Escola Pública durante 34 anos e estou, por isso, à vontade para escrever o seguinte:
Já conhecia este texto, antes de ser "rasurado" para "universidades privadas". No escrito inicial, alguns dos episódios, em razoável equilíbrio, passavam-se em Escolas Superiores Privadas e Públicas, para nossa desgraça. Até porque a preparação de base dos alunos que "alimentam" os dois "tipos" de ensino é a mesma e discutir isto levava a sessões infindáveis de "prós e contras". A verdade é que o ENSINO está mal. Também por culpa minha! Ora o autor das "emendas" está muito enganado se pensa que, na Escola Pública, só há sábios!!! Sem querer alimentar polémicas, escrevi isto em jeito de reflexão, até porque o problema é demasiado grave para que fechemos os olhos, ou nos fiquemos nos maniqueísmos perniciosos.
Abraço do
António A. Serrano

Público versus privado?!

Tenho 3 filhos licenciados que fizeram todo o seu percurso escolar no Ensino Público, com explicações privadas a ajudar; tenho um filho, que não é licenciado, por culpa do Ensino Público, a nível do secundário. Tive com os seus professores, meus colegas, discussões "tramadas", porque entendo que também se pode "assassinar" "matando a esperança" ou criando falsas ilusões nas Crianças, Adolescentes e Jovens, conduzindo-os a "becos sem saída", mesmo sem retorno. E "eles" "mataram a esperança" num dos meus filhos. Felizmente, este foi forte, deu a volta por cima e é, hoje, um técnico muito qualificado da Ford alemã, em Colónia. Mas custou-lhe muito mais chegar aos seus objectivos. E bastava que a Escola Pública o tivesse ajudado, reprovando-o, como nós, os Pais, queríamos, no 9º. ano. Absurdo, não é?! Nós, os Pais,l queríamos que ele fosse "retido", como agora se diz, e a Escola Pública, em que eu e a mãe nos integrávamos, não quis!!! Reconheço que isto podia também acontecer - e acontece, com demasiada frequência!!! - no Ensino Privado, onde muitas vezes, não se "mata a esperança", mas se faz viver a esperança "em coma", dando "vida"que não vai servir para nada e que conduz também ao desespero. Permita-me uma nota pessoal: para meu desgosto, pois está em causa o futuro desta Pátria, os meus filhos não querem os meus netos na Escola Pública, embora eu lha recomende. Paradoxal? Infelizmente! Até porque pagam "uma pipa da massa". Os pais são trabalhadores por conta de outrem, ela no Público, ele no Privado. Sempre a batermos no mesmo e, creio-o, não é aqui que está o cerne da questão, pois ambos têm boas avaliações nas responsabilidades que lhes estão atribuídas.!Quer saber? Até há anos tinha como únicos HEROIS os meus PAIS, simples camponeses da nossa pobre Beira, tão explorados e sofredores! Hoje, passados os 13 anos que, em breve se vão concluir também com o fim da minha missão aqui, considero os PAIS destes GAIATOS encantadores também meus HERÓIS, os enteados do Serviço Nacional de Educação. Quase 100% deles são trabalhadores, da classe média, esta em vias de desaparecer. Eles entregam-me, anualmente, quantias que poderiam aplicar num carro novo ou em férias em qualquer parte do Mundo. No entanto, por Amor aos Filhos, renunciam a muita coisa material em troca de Educação, Instrução, Segurança e Afectidade que, em seu entender, não encontram noutro lado. O nosso Colégio não está abrangido pelos "contratos de associação" e apenas um número muito reduzido de "contratos simples" e "contratos de desenvolvimento" que, normalmente, não contemplam os que mais precisam. A sua opção é HERÓICA: pagam o ensino dos seus filhos - as mensalidades só têm uma pequena percentagem de desconto em sede de IRS - e, com os seus impostos, subsidiam o Ensino Público de onde nada recebem. Até a Câmara Municipal cá vem buscar a derrama de 10% sobre o IRC que, sem qualquer contrapartida, pontualmente, também a Escola paga para financiar o Ensino Público. Perante a realidade do que encontrei, pelo menos no que se refere a esta Escola, tive de rever os meus preconceitos e tive também de pôr, nos pratos da balança, os dois sistemas e tentar avaliar, com a justiça humanamente possível. Mas, repito, não tenho nenhum pai/mãe ricos. Os filhos destes andam por outras paragens. Não raro, tenho de esperar o pagamento das mensalidades para além do desejável e razoável, quando não se vão para sempre. Uma crise!!! Se calhar, estou a ser confuso, mas quando o coração fala, a mente nem sempre acompanha... Se me permite uma avaliação ao que me disse, são sensatas as suas palavras. Não teria qualquer dúvida em subscrever um texto de fino recorte, produto da lúcida inteligência de alguém que não está no mundo "p'ra ver a banda passar", antes atento, crítico e responsável. A Democracia tem destas coisas: ou intervimos, em direcções várias, ou afunda-se no pantanal. Só há uma coisa em que discordo de si, no que toca aos "contratos de associação": eles foram uma necessidade imperiosa para o Estado, que não tinha capacidade para dar resposta à explosão da procura da Escola pelos jovens que a democratização pós 25 deAbril impôs à Nação. Mesmo com a "oferta" privada, as escolas estatais, por turnos de manhã, à tarde e à noite, transformaram-se em armazéns onde se amontoavam alunos em turmas de trinta e muitos alunos - cheguei a leccionar 40 crianças em 3 anos consecutivos e mais de trinta, durante outros - foram "o pão nosso de cada dia" e de cada um, com professores impreparados - alguns deles nunca fizeram ideia de ir parar à Escola e só lá chegaram em desespero de causa, por falta de emprego e enquanto não o arranjavam. Os "contratos de associação" permitiram que filhos de Portugueses de poucos recursos económicos frequentassem escolas privadas que estão bem colocadas nos "rankings" de avaliação, se é que isto significa alguma coisa ou se a Verdade passa por aí...Claro está que a matéria de discussão é inesgotável, mas é urgente que se faça do Aluno o centro da Escola. Há Escola e professores, porque há Alunos e não o contrário. O "corporativismo" tem de acabar. Penso que a Ministra vai no bom caminho, embora discorde de alguns dos seus métodos. Talvez por falta de dinheiro, há docentes, em actividades de enriquecimento curricular, muito mal pagos e sem qualquer avaliação do trabalho que produzem nem garantias profissionais. Duas injustiças numa situação que pode não estar a dar os frutos que a propaganda apregoa."Mal por mal o Ensino Público", escreveu. Mas o Ensino Público não tem que ser um MAL! Somos demasiado pobres para nos darmos a esse Luxo. O Ensino Público tem de ser um BEM e o ajustamento logo se dará. Há Ensino Privado porque o Estado não responde às necessidades dos Cidadãos. Quando virá o dia: "Bem por Bem o Público???!!!"
O meu "palavreado" poderá servir para os hospitais e Serviço Nacional de Saúde, onde o "corporativismo" manda - com honrosas excepções, lembro o Dr. Manuel André, entre outros - em que muitos se dão ao luxo de "tratar" os pacientes, muitas vezes, como "impecilhos" e causa para desassossego e trabalho... Eu e a minha mulher apenas vamos ao Hospital Público, regularmente, como dadores de sangue. Como doentes vamos ao Privado, onde somos acolhidos como Pessoas. E é o Privado que tem a culpa? Já esta semana lá estive e, ao menos, o médico ouviu-me e discutiu saídas comigo. No Público nem os olhos levantam para mim e dão-me dois minutos!!! Tenho tido azar? Se calhar, sim, mas é azar a mais e azar é o que menos desejo, num hospital... Esta é a verdade nua e crua. Também aqui a discussão pode ser interminável. Entendo que o SNS deve centrar-se no doente, o que está muito longe de acontecer. Ainda ontem, dois octagenários meus conhecidos, deslocaram-se, de táxi, de Beja a um hospital público de Lisboa, para estarem cerca de dois minutos com o médico, que marcou, num instante, a operação da Senhora, às cataratas, para daqui a mais de 6 meses!!! E saíu a correr - já eram 13h 30m - sem querer dar uma palavra de explicação ou conforto aos idosos ou à filha, minha colega, que faltou ao serviço para os acompanhar. A Senhora é sua doente "privada", em Beja, e candidata a operação, no "público", em Lisboa. Daqui a muitos meses!!!Já não vê, a deslocação, a desumanidade e a frieza do acolhimento causaram-lhes um sofrimento desnecessário e injusto. Ouvi o testemunho indignado da filha. Pediu o "livro amarelo"e escreveu? Não, com medo de retaliações!!! Uma promiscuidade, uma vergonha!!! Não é esta a IGUALDADE que nos canta o ZECA! Os poderosos, mesmo no Público e sobretudo aí, arranjam-se. Veja-se as operações plásticas, no Hospital de S. João... Uma vergonha. O Público não é de alguns que enriquecem até, via partidos políticos - ordenados dos administradores da GALP, CGD, Banco de Portugal... mas dos Portugueses. E é isto que torna muito céptico, depois de um indiscritível fervor pela "Revolução dos Cravos" que, em meu entender, continua por fazer. Por culpa de todos. Por culpa MINHA!!!
Desculpe a "divagação"...
Termino, sentindo que fiquei mais rico depois de ler as sábias palavras que fez o favor de me enviar e por elas lhe digo, à nossa maneira, BEM-HAJA.
Com um abraço que espero, um dia, possa ser de Amigo, sou, ao seu dispor,
o António A. Serrano