Minha terra amarga com sabor a mel,
Onde penhasco é fraga e também alcantil,
E o Cão da Serra, o amigo mais fiel.
Meu mês de Abril, de esperanças mil,
Que em seu ventre gerou a revolução,
Quando um soldado, só ao Povo servil,
Ergueu a voz e num brado disse: - Não.
Águias e falcões sonharam no vento,
As leves andorinhas nos seus beirais,
Um novo querer, um novo pensamento,
Sem servos nem amos só homens iguais.
Ontem era a fantasia, hoje o desencanto,
Um pesadelo se fez o que era quimera.
Já não sei se canto, se choro o teu pranto,
Pois um frio inverno engoliu a primavera.
Quando se esperava um fulgente verão,
Que trouxesse o pão ao faminto Povo,
Mudaram os ventos e um gelado nevão
Pôs a nobre gente a mendigar de novo.
Homem da Serra
3 comentários:
Nada mais verdadeiro.
Lucília
Amigo Serrano,
Que verdades como punhos. E que tristeza é esta verdade. É pena, muita pena.
Grande abraço.
Caldeira
Gostei muito! Abracinho...
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