Primavera do ano lectivo de 1963-64.
Não é novidade que o Eng. Ressurreição , se bem me recordo um
“lampião" ferrenho e então no princípio da sua estadia no nosso Colégio,
gostava de futebol e, com as mais que fracas instalações de que dispunha,
motivava bastante a rapaziada para que a prática do desporto-rei ali tivesse
algum significado.
A maioria dos “atletas” era de fraca qualidade, pois as “academias” ainda estavam a “milénios” de acontecer e a “malta” “dava uns pontapés” mais para se divertir que para sonhar um dia vir a ser craque lá na então longínqua Lisboa, onde o Benfica enrolara o Barcelona e o Real Madrid em duas finais europeias. Sinceramente, de todos os alunos de então penso que só o Rolo, aspiraria a jogar no Idanhense, vá lá nalgum dos clubes da capital do distrito… Em meu entender era mesmo o melhor de entre todos nós, quase sempre bem toscos. Que me perdoem esta franqueza os que pudessem “andar a sonhar acordados”. Até posso estar enganado e ter de lá saído algum craque. Mas a vida militar arrastou-me, o Colégio cresceu e os “milagres”, não surgindo todos os dias, podiam depois ter acontecido. Oxalá!
Mas estou para aqui “a meter palha” e a história a escapar-se.
O ponto culminante do futebol do colégio era o Torneio inter-turmas, com alguns ajustamentos para dar oportunidade àqueles que ninguém queria na equipa da sua turma. Quer pela minha aselhice natural, quer porque a turma de Alemão – um dia vou explicar porque me tornei aluno de Alemão, disciplina que só concluí 13 anos depois!!! Essa também é uma boa história”, como cantava/canta o grande Roberto Carlos no seu “Calhambeque”… - ter poucos alunos para constituírem uma formação completa, a certas altura vejo-me na equipa dos aselhas e “marginais”, nitidamente fadada para ser a última do torneio. E todos aproveitavam para “malhar” em nós…
Estava a decorrer um jogo no campo improvisado no pátio do recreio sem grandes condições para que os aselhas não o fossem tanto, quando um “jeito” do árbitro nos arranja um penalti contra os nossos valorosos adversários, que muito se fartaram de contestar. Aquilo era mesmo uma “roubalheira”. Hoje, com os óculos de melhor qualidade, penso que foi mesmo um jeito. “A corrupção” não é só de hoje e penso que uma gasosa fresquinha podia fazer toda a diferença.
Quem chuta, quem não chuta e o Pedroso “atreve-se” a viver a tremenda “angústia do marcador do penalti frente ao guarda-redes”. Ainda houve algumas reclamações “marco eu, marco eu!”, mas a "convicção" do Pedroso venceu as resistência, porque nós queríamos era mesmo UM golo.
A coisa começou a ficar pouco ortodoxa quando, depois de medidos os passos da praxe – ora, queriam marcações de campo, não?! – o Pedroso se ajoelhou, soprou o chão e começou a levantar um montinho de terra. Para que seria? Ora, para colocar a bola mesmo lá no cimo. Já não era só a angústia do marcador, mas a de todos nós, os restantes membros da equipa.
Bola bem equilibrada no alto do montinho de terra, a uns metros da baliza, guarda-redes adversário um tanto desconfiado com a “cena” e do “resultado” que aquilo poderia ter – ainda esboçou um protesto junto do árbitro que se limitou a aceitar a “novidade”… - e o Pedroso vem tomar balanço lá para o meio campo. Que não era muito longe, diga-se de passagem.
Havendo transmissão pela rádio ouvir-se-ia o seguinte:
- Senhor ouvintes, o “perigoso” avançado Pedroso toma balanço, a meio campo, fixa a bola e depois o guarda-redes, vai partir, perde alguma embalagem, finalmente chega perto da bola, remata e… nem vão acreditar… o monte de terra desapareceu, há uma pequena nuvem de pó e a bola segue, suavemente, para a baliza, onde o guarda-redes, sem ter ocasião de brilhar, recolho o esférico com a maior facilidade.
Até ao fim do ano falou-se menos da equipa vencedora do torneio – talvez a do Sr. Engenheiro, pois ele era “fanático” pela bola e, mesmo não sendo Aluno, participava, com alegria, em meu entender sempre na “melhor equipa”, certamente por ele ser um reforço de peso. Guardo dele as melhores recordações e aproveito para o homenagear com esta brincadeira.
Nota: A história, no seu essencial, aconteceu. Algumas variantes que fujam da rigorosa exactidão, são próprias de quem já não tem a cabecinha dos verdadeiros artistas que escrevem por aqui a concorrer comigo.
Saio a perder, mas a minha idade dá-me “direito” a falhar penaltis…
Ficaria contente se o Pedroso pudesse contestar:
- Olha que não foi bem assim…
A maioria dos “atletas” era de fraca qualidade, pois as “academias” ainda estavam a “milénios” de acontecer e a “malta” “dava uns pontapés” mais para se divertir que para sonhar um dia vir a ser craque lá na então longínqua Lisboa, onde o Benfica enrolara o Barcelona e o Real Madrid em duas finais europeias. Sinceramente, de todos os alunos de então penso que só o Rolo, aspiraria a jogar no Idanhense, vá lá nalgum dos clubes da capital do distrito… Em meu entender era mesmo o melhor de entre todos nós, quase sempre bem toscos. Que me perdoem esta franqueza os que pudessem “andar a sonhar acordados”. Até posso estar enganado e ter de lá saído algum craque. Mas a vida militar arrastou-me, o Colégio cresceu e os “milagres”, não surgindo todos os dias, podiam depois ter acontecido. Oxalá!
Mas estou para aqui “a meter palha” e a história a escapar-se.
O ponto culminante do futebol do colégio era o Torneio inter-turmas, com alguns ajustamentos para dar oportunidade àqueles que ninguém queria na equipa da sua turma. Quer pela minha aselhice natural, quer porque a turma de Alemão – um dia vou explicar porque me tornei aluno de Alemão, disciplina que só concluí 13 anos depois!!! Essa também é uma boa história”, como cantava/canta o grande Roberto Carlos no seu “Calhambeque”… - ter poucos alunos para constituírem uma formação completa, a certas altura vejo-me na equipa dos aselhas e “marginais”, nitidamente fadada para ser a última do torneio. E todos aproveitavam para “malhar” em nós…
Estava a decorrer um jogo no campo improvisado no pátio do recreio sem grandes condições para que os aselhas não o fossem tanto, quando um “jeito” do árbitro nos arranja um penalti contra os nossos valorosos adversários, que muito se fartaram de contestar. Aquilo era mesmo uma “roubalheira”. Hoje, com os óculos de melhor qualidade, penso que foi mesmo um jeito. “A corrupção” não é só de hoje e penso que uma gasosa fresquinha podia fazer toda a diferença.
Quem chuta, quem não chuta e o Pedroso “atreve-se” a viver a tremenda “angústia do marcador do penalti frente ao guarda-redes”. Ainda houve algumas reclamações “marco eu, marco eu!”, mas a "convicção" do Pedroso venceu as resistência, porque nós queríamos era mesmo UM golo.
A coisa começou a ficar pouco ortodoxa quando, depois de medidos os passos da praxe – ora, queriam marcações de campo, não?! – o Pedroso se ajoelhou, soprou o chão e começou a levantar um montinho de terra. Para que seria? Ora, para colocar a bola mesmo lá no cimo. Já não era só a angústia do marcador, mas a de todos nós, os restantes membros da equipa.
Bola bem equilibrada no alto do montinho de terra, a uns metros da baliza, guarda-redes adversário um tanto desconfiado com a “cena” e do “resultado” que aquilo poderia ter – ainda esboçou um protesto junto do árbitro que se limitou a aceitar a “novidade”… - e o Pedroso vem tomar balanço lá para o meio campo. Que não era muito longe, diga-se de passagem.
Havendo transmissão pela rádio ouvir-se-ia o seguinte:
- Senhor ouvintes, o “perigoso” avançado Pedroso toma balanço, a meio campo, fixa a bola e depois o guarda-redes, vai partir, perde alguma embalagem, finalmente chega perto da bola, remata e… nem vão acreditar… o monte de terra desapareceu, há uma pequena nuvem de pó e a bola segue, suavemente, para a baliza, onde o guarda-redes, sem ter ocasião de brilhar, recolho o esférico com a maior facilidade.
Até ao fim do ano falou-se menos da equipa vencedora do torneio – talvez a do Sr. Engenheiro, pois ele era “fanático” pela bola e, mesmo não sendo Aluno, participava, com alegria, em meu entender sempre na “melhor equipa”, certamente por ele ser um reforço de peso. Guardo dele as melhores recordações e aproveito para o homenagear com esta brincadeira.
Nota: A história, no seu essencial, aconteceu. Algumas variantes que fujam da rigorosa exactidão, são próprias de quem já não tem a cabecinha dos verdadeiros artistas que escrevem por aqui a concorrer comigo.
Saio a perder, mas a minha idade dá-me “direito” a falhar penaltis…
Ficaria contente se o Pedroso pudesse contestar:
- Olha que não foi bem assim…
1 comentário:
Não sendo eu comentador, nem sequer amante desportivo,revejo-me numa dessas equipas a que o Serrano devia chamar "os sarrafeiros" e que a sua bela prosa transforma numa "equipa" de futebol, provinciana é certo, fora do campeonato nacional mas que disputava jogos regionais !!!! Haja brio e vaidade. Abraços.
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