terça-feira, fevereiro 17, 2009

Esperanza!!!

Pronto, já sei!!! Não se atrevem a falar alto, mas é claro que pensam: "Este tipo é mesmo doido! Outro???" Sim, outro - e até poderia escolher mais! - mas este é o tango da minha vida, da nossa vida. Do tudo ou do nada. Do "Sim ou sopas"...
O magusto fora a 1 de Dezembro de 1961, lá na Arrochela, Campo Frio, entre as Aranhas e o Salvador, boas vistas para a Espanha. No meio daquela "malta" do Colégio do Senhor do Calvário, em Medelim, ali reunida para assar as castanhas e fazer uma bela festa, bem à nossa maneira, estava uma gaiata, novita, linda, pelos 15 anos, que eu escolhi de entre todas para lhe farruscar a cara. Como é nosso hábito. "A mim ninguém me farrusca, nunca ninguém me farruscou, nem que não prove as castanhas!!!". Oh! Que palavras, que desafio!!! Ali começava uma aventura que dura até hoje. A história da cara farrusca fica para outra ocasião. Estava-se mesmo a ver, não estava?
Depois houve birras e amuos, "embirro com ele" ou "é uma menina mimada", piscar de olhos e sorrisos, encontros ocasionais ou provocados, levantar bem cedo - ui como custava!!!- para ver passar "a carrinha do colégio", uma espreitadela mais que fugaz e olhares que diziam nada e tudo...
Chegaram as férias do Verão de 1962. Habitualmente, as nossas aldeias realizavam as suas festas populares. As mais famosas da zona eram em Aldeia do Bispo, para além das da sede de Concelho, de vez em quando - ah! em 1960, nas vésperas de entrar em coma, no hospital da Santo António - ainda eu sorria cada vez que nos altifalantes, lá no terreiro da feira, se faziam ouvir, bem ritmados, os acordes do "À média luz"... Outro tango, pois...
Fora dia de feira anual, em AB, e encontrei-a, com a Mãe, às compras. Isto convém "lançar o anzol" às mães para pescar as filhas... "Então, logo à noite vêm à festa?" " Não, não temos ideia..." "Ah! Isto vai ser muito bonito... Que pena... Até cá vem aquele conjunto de C. Branco..., os "Gatos Negros"..." Não prometemos nada... " dizia a Mãe mais que convencida de que eu andava a "arrastar a asa" à filha. O Pai já tinha a certeza: "Olha que "o da mota" passou p´ ponte; não te quero fora de casa..." Feitas as compras num "Até qualquer dia... ou até logo..." me fiquei, coração apertado e ansioso com aquele nem sim nem não...
O Sol recolhera já lá p'ra trás da Serra da Estrela e o arraial, no Largo da Lameira, estava mais que animado. Outros tempos, muita Juventude, a festa a prometer. Os "tchendros" não estavam com meias medidas: sempre de arromba. Eu era filho "adoptado", na primeira Aldeia em que leccionara e fazia parte da festa. No meio da barafunda, faltava qualquer Coisa. E ela veio. Linda, esplendorosa. Pela mão da Mãe. Sim, que a D. Clara não brincava em serviço. Aquilo tinha de passar tudo sob a sua insuspeita fiscalização. Uma filha não se confia a ninguém!!! Outros tempos... outro encanto!!! Pois, era isso que queriam saber???!!!! A nossa primeira dança foi mesmo este tango, dançado desajeitadamente, meio metro afastados. Dançámo-lo muitas e muitas vezes. Melhorando o desempenho nos seus passos, cada vez mais próximos, até bem agarradinhos. Cá estamos com os nossos quatro filhos e os cinco netos. Estes são realmente mais bonitos que os Pais. O tempo passou num instante! Ah! O tango continua a ser nosso. Já desesperava de o descobrir. Aí vai... Para nós continua a ser especial, mas aceitamos que haja quem não goste...
http://www.youtube.com/watch?v=CvOA7EmNpJU

Sem comentários: