sábado, maio 23, 2009

CART 840: Vieram de longe... também de perto. 42 anos depois..















Telefonaram-me do Colégio. Um José Pascoal queria o meu contacto. Podiam dar-lho? Deixou o dele? Sim. Então eu falo-lhe...
E assim foi. Nesse mesmo dia liguei. Um telefone de Lisboa. Apareceu uma voz feminina. Sou o António Serrano. Minha Senhora, José Pascoal, francamente, estou com dificuldade... Ó colega, sou a Fátima e estou casada com o JOSÉ MARIA Pascoal. Com a minha irmã, a Felisbina, estivemos todos em S. Tomé... Exclamações de surpresa, o Pascoal, de St. Estêvão, colega do Magistério e camarada de armas em África. O Zé não está... blá... blá... alegre, divertido, bem disposto. A conversa com o José Maria foi nessa noite. A CART 840 ia realizar o seu 11º. convívio, se eu não queria aparecer, mas eu fui da CCS, não faz mal conheces lá muita gente... Conversas, hesitações, decisões. Hoje, 23 de Maio, lá estive. Com a Leonilde. Afinal, ela também "estivera na tropa". E o dia de hoje fez-nos ver que a decisão foi a única que faria sentido. Uma festa!!!
Estava combinado que a reunião seria junto ao Forte do Bom Sucesso, nas imediações da Torre de Belém. Arrumado o carro, pelas 11 horas, fomo-nos aproximando, a medo. A malta passara já para o interior do forte, agora Museu da Liga dos Combatentes. Num dos átrios, alguém dava as boas vindas. Eu olhava... olhava... e proponho à minha Companhia: Vamos para casa? Não reconheço ninguém... Vamos, não vamos e já nos dispúnhamos a "uma retirada estratégica", quando chega o Zé Maria e a Fátima. Grandes abraços e exclamações de alegria. Psiu!!! - insiste alguém. Têm de entrar para ver a exposição ali patente sobre Pirataria nos séculos XVIII e XIX. Tentando explicar a pirataria do séc. XX. Não, não da que temos por cá. Mas aquela lá da Somália. Afinal, os piratas até entenderam que só unindo-se e com atitudes democráticas conseguiriam sobreviver. Uma cabeça, um voto, nas grandes decisões. Fiquei parvo e não fora ver ali escrito num texto com "estes dois que a terra há-de comer" e nunca acreditaria. Impressionante!!! Os piratas de hoje têm muito que aprender. É só estudar a História. Mas, realmente, os de hoje não estão interessados na Democracia. Querem uns votos para assaltar o poder e depois... "chacun s'arranje"... "se governe" ... "embolse" ... "armazene" ... trate da SUA (dele) vida!!!
Passados ao pátio interior e começa a festa: "Então tu não me reconheces? o Amadeu...Olha-me esta foto!!!" Espanto meu, uma foto do NOSSO casamento, uma noiva lindíssima, rodeada de "magalas" à civil. "Este sou eu!" - uma criança, como havia de reconhecê-lo??? - "aqui está o Nogueira. Olha aí vem ele". O Nogueira também tinha a mesma foto. E outras. A nossa aventura de um casamento em África e na tropa marcara-os de algum modo e aquelas fotos eram uma relíquia. Também para eles. Diz a mulher do Amadeu "Há anos que o conheço e estava ansiosa por que viesse. Mas está um pouco diferente..." Que crueldade esta verdade bem dura. Mas aí vem o Sabino agarrado ao estandarte. E o Baptista, com o olhar doce daqueles tempos. Senti-o triste. Oxalá fosse apenas ideia minha. E o Gomes, que "meteu o chico", como nós dizíamos, e é hoje Ten.Coronel. Brilhante. Continua simples, como sempre. Beirão lá de S. Miguel d'Acha. Com a esposa. Vieram de Castelo Branco, no inter-cidades. Foi este mesmo Gomes - gerente da Messe - que organizou o nosso jantar nupcial e também estava nas fotos. E na festa! "Então já não te recordas de mim? Sou o Carrasco". Abraços, risadas, piadas... "Andas na mota sem capacete? Vai-se-te o cabelo e podes pagar multas". Esta "malandragem" não perdoa uma... O capitão (hoje coronel) Pancada da Silveira. As vezes que eu me ri por lá, há tantos anos, com este nome. PANCADA!!! Inventam cada uma! Continua baixo e agora um pouco mais gordo e muito mais velho. O trabalhão que me deu, nestes últimos dias, trazê-lo à memória. Mas hoje de manhã... "saltou", assim de repente. "Leonilde, lembrei-me, capitão Pancada da Silveira". "Mas não tens mais nada em que pensar?"
"O Velhinho" já em S. Tomé era caso falado. Com medo da guerra, lá pelo Interior, não fora "dar o nome" e ia escapando da "má vida" que tantas vidas ia levando. Ele fazia pela sua. Não havia "Simplex" e para ele era ... simples. Vivia feliz. Já pelos seus 30 anos deram pela "marosca". Não se sabe se queixinhas, se eficiência administrativa. Foi mesmo apanhado e grande sorte... 2 anos de boa vida em S. Tomé. Do mal o menos. Nos anos 60 notava-se a diferença de idade. Agora muito mais: "O Velhinho" está mesmo mais velhinho. E o Manuel Dias! Fomos no mesmo barco, estivemos no mesmo quartel, durante dois anos e, soubemo-lo hoje, vivêramos 35 anos quase ao pé, andáramos nas mesmas ruas de Setúbal e nunca nos víramos. Até teve duas netas na querida Escola da Azeda!!! A Fátima e o Zé têm uma daquelas histórias de amor em que "o destino marca a hora". Ela, de Bragança, com a irmã, duas lindas jovens vão à descoberta de África e o Governador Silva Sebastião "pranta" com elas no Príncipe. Ele, de Santo Estêvão, (Sabugal) também professor, com o seu Pelotão de Artilhatia, "aterra" na mesma Ilha do fim do Mundo. Estava escrito: amor para sempre. E gostei tanto do os rever!!! Ficou prometido que vamos estar mais próximos, até porque eles também têm "interesses" aqui na Península de Setúbal.
O João ouve-me falar. "Da Beira Baixa?" "Sim, Aldeia, entre Penamacor e Monsanto..." "Não se esforce. Conheço. Andei por lá. Estudei no ISA. A D. Aida, a Aidinha - nascida quando já não havia esperanças - o Dr. Palmeiro. Os Lopes Dias. Estive casado com uma Lopes Dias..." "Eu fui aluno do Dr. Joaquim... "Olhe que o pessoal do VSP tem festa, no próximo sábado..." "Eu sei, mas não vou estar". "Tenho a certeza de que já o vi antes..." Vivêramos no mesmo quartel. Um dos alferes, com cara e presença de quem está bem na vida. O Sérgio, outro dos oficiais subalternos, não teve sorte com o planeamento deste convívio. Que falta de estratégia: encontro no Forte, Missa na Igreja da Memória, almoço no Forte. Ele julgou estar numa Cidade de Interior??? Querer fazer deslocar quase duas centenas de pessoas, em Lisboa, nesta distância e com os obstáculos inerentes, só podia dar no que deu... não houve Missa. Coitado do Zé Maria que teve de "explicar" a situação ao padre... Por sorte temos os telemóveis... Há sempre fotos mal tiradas, em todas as festas.
A refeição foi uma decepção. Já escrevi ao Presidente da Liga. Aquele sítio, onde se homenageiam os Combatentes, merece melhor. Ao lado, na mesma mesa, "Então vim da Alemanha para comer disto e beber desta zurrapa?". O "chefe" do "restaurante" - afinal uma sala "arranjada" para ser usada em serviço de "catering" - quis armar-se em "chico-esperto", agressivo para com os convivas... No rótulo das garrafas, um emblema que deveria merecer respeito, o nome e a imagem do próprio Forte. Desafiei-o a abri-las ali, ao pé de nós, pois vinham já todas sem rolha, a conta gotas. Não abriu nenhuma...
Mas quase nos esquecemos de comer, quando a alma está quente. Foi com pena que vimos a roda começar a desandar. Pelas cinco da tarde. "Que bom ter-te reencontrado." "Então até p'ro ano... Se Deus quiser!!!"
Agora... vamos recordar o que foi muito bom:

1 comentário:

alberto helder disse...

Caro António Serrano
Parabéns pelo seu blogue e pelo vídeo que remonta há um certo tempo ido.
Quanto a São Tomé penso que nos encontrámos na sua chegada e na minha partida, pois o dia 6 de Junho de 1966 foi comum aos dois.
Já agora devo dizer que pertenci à CCS e é com imenso gosto e alegria que tenho aparecido nalguns convívios da 840, para dialogar e matar as saudades de gente boa que lá conheci, relacionamento que se mantém e que tem sido reforçado através dos tempos.
Espero poder estar no próximo, pese embora o desabafo formal que enviei ao organizador deste ano, Sérgio Silva, cujo texto transcrevo:

Caro Sérgio
Estive presente, com muita satisfação, no encontro da CART840, que se realizou, sob os seus auspícios, em Lisboa, no passado mês de Maio.
Para além de rever companheiros que partilharam tempos idos, o que sempre me causa alegria e saudade, houve também a parte gastronómica que, nestes encontros, tem a sua forte componente, desde que tudo esteja a contento, motivo primeiro para que as animadas conversas surjam e se desenvolvam durante o repasto.
É nesse sentido que venho dar conta que, desta feita, a refeição servida não correspondeu à expectativa criada quanto ao preço que se pagou, pelos seguintes motivos:
As entradas foram servidas com deficiência, pois o pessoal inicial não deu vazão a tantas solicitações, o que ocasionou alguns atropelos entre os presentes.
O prato de bacalhau (?), era congelado e de qualidade inferior e a sua confecção deixou a desejar pelo mau cheiro que se sentia.
A carne e o acompanhamento também não estavam a 100%.
A sobremesa, para não variar, teve os seus problemas de aptidão.
Quanto ao sumo de laranja (?) que foi imposto aos convivas, de sabor muito duvidoso, estava em garrafas de plástico, de litro e meio, que já tinham servido água Vitalis, era dado a conta gotas pelos empregados de mesa que não deixaram as garrafa alguma nas mesas.
Enfim, em termos gastronómicos, na minha opinião foi um desastre, já que o valor (27,50) era, no mínimo, para se comer bem e com fartura, o que não se verificou.
Na minha mesa os queixumes foram constantes e, vim a saber depois, que houve quem se sentisse mal, com problemas relacionados com a digestão.
Caro Sérgio.
Esta avaliação e desabafo, para além de estar imbuído do aspecto construtivo, tem a finalidade de que, futuramente, haja o cuidado necessário para que estas situações não venham a repetir-se, pela carga negativa que representam. Uma boa refeição, uma boa companhia é motivo para recordar para todo o sempre. O contrário, também.
Saudações,
Alberto Helder
04.06.2009

António Serrano, agradeço agora a mensagem que colocou no meu blogue, assim como solicito que, por favor, entre em contacto comigo para o 913 671 154. Obrigado
Saudações
Alberto Helder