terça-feira, junho 01, 2010

Saldanha Sanches, um Homem, ou o Amor vence a Morte!

Despedida eterna
Zé Luís:
Começámos esta tua última viagem (tu gostavas de viagens) na cama 56 dos serviços de cirurgia 1 do Hospital de Santa Maria.
Lia-te poesia e um dia parámos neste poema da Sophia de Mello Breyner:
”Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A Força dos teus sonhos é tão forte,
Que tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias”.
Assim foi.
No teu visionário e intenso mundo, a voracidade de um cancro traiçoeiro não te consumiu a alegria, a coragem, a liberdade.Entraste pela morte dentro de olhos abertos. O mundo que habitavas era rico de ideias, de sonhos, de projectos, de honradez e carinho.Percebemos o que ia acontecer quando no fundo do teu olhar sorridente brilhava uma estrela de tristeza. Quando te deixava ao fim do dia na cama 56 e te trazia no coração enquanto descia a Alameda da Cidade Universitária a respirar o teu ar da Universidade, das aulas e dos alunos que adoravas, do futuro em que acreditavas sempre.Foste intolerável com a corrupção, com os cobardes e oportunistas. Não suportavas facilidades. Resististe à sordidez, à subserviência, à canalhice disfarçada de respeitabilidade e morreste como sempre viveste - livre.Uma palavra para aqueles que te acompanharam nesta última viagem: para os melhores médicos do mundo, para as melhores equipas de enfermagem e de apoio, num exemplo de inexcedível dedicação ao serviço médico público. Vivi com emoção diária o carinho com que te cuidaram.Uma palavra de gratidão sentida para o Professor Luis Costa e Paulo Costa. E para um velho amigo de sempre o Miguel. Também para Laura e para o Jorge e para a minha mãe e toda a família que nunca te deixou.Por fim uma palavra para aqueles amigos que inventaram uma barricada contra a morte no serviço de cirurgia 1, cama 56, e te ajudaram a escrever, a pensar, a continuar a trabalhar: o João Gama, o João Pereira e senhor Albuquerque, cada um à sua maneira.Suspiraste nos meus braços pela última vez cerca da 1,15 da madrugada do dia 14 de Maio.Vai faltar-me a tua mão a agarrar na minha enquanto passeávamos e conversávamos.Provavelmente uma saudade ridícula, perante a força do exemplo e da obra que nos deixaste e me foi trazido por todos aqueles que te homenagearam – a quem deixo a tua eterna gratidão.Tenham a coragem de continuar.
[16.05.2010 - Maria José Morgado]
A um Homem que muito admiro, pois da "lei da morte" se libertou!

1 comentário:

Zé Morgas disse...

Professor Serrano, porque a vida tem que contiuar, deixo-lhe aqui expresso o seguinte convite:
Entre os dias 24 e 31 de Julho, estará de férias em minha casa en Sines,com a família, o Anselmo Cunha, "O Karraio", irmão do "Changoto".
Todos os anos, e já são alguns, temos "malhado" uns tintóis do bom e uns secretozinhos de porco preto,em aldeia de Deixa o Resto.
Assim que saiba a data exacta, a maior condicionante no caso, será o meu horário de turnos, sempre um pouco mais complicado nesta altura, dado que um turno está de férias, informá-lo-ei.
Cá o esperamos e à Senhora sua Esposa.
Com um abraço Amigo
Zé Morgas