quinta-feira, maio 13, 2010

O Homem Vestido de Branco

De facto, eu penso que "não é justo" que Deus peça a um Homem de 83 anos que transporte o fardo pesado fardo de "chefiar" a Igreja Católica em tempos tão conturbados, para os quais a Mensagem de Fátima nos vem preparando, desde há quase 100 anos e Jesus Cristo, desde há 2000 anos, quando nos convidou "...pega a tua cruz e segue-Me".
O nosso Papa, Bento XVI, um Homem de estudo e de reflexão, dado à espiritualidade e à contemplação, estou convencido de que desejaria não ter sido "o Escolhido". Mas foi e aceitou. Com todas as consequências, a menor das quais não será o escândalo do abuso de Crianças por sacerdotes da nossa Igreja e com que o comunicação social tem feito um enorme alarido, tomando a parte pelo todo, visto que só apontou canhões à "ponta do iceberg". Julgo que ninguém tem os olhos fechados a ponto de ignorar que o resto do iceberg é medonho e a sociedade continua a assobiar para o ar.
Como pai, como avô, como profissional da educação interrogo-me, sempre com angústia, como é possível contaminar seres tão puros e inocentes, as Crianças que, num verdadeiro Acto de Fé se entregam àqueles que se julgam dignos de tomar conta delas: os pais, os avós, os professores, os padres e qualquer outro responsável que disso seja encarregado por função do ofício que desempenhe. Abusar, de qualquer modo, de uma Criança, é crime abominável que deve ser punido à luz das leis humanas e divinas. Por determinação do próprio Jesus - "ai daquele que escandalizar um destes pequeninos; mais lhe valera que lhe pusessem uma pedra de moinho ao pescoço e o lançassem no fundo do mar" - os clérigos que cometeram tamanho pecado hão-de ser, por isso, castigados. Aqui e na outra vida. Bento XVI há-de ter mão forte e misericordiosa, pois Deus abomina o pecado e ama o pecador e, desta crise, a Igreja há-de ressurgir purificada, mais forte e dinâmica. Como ele afirmou em frase notável, os verdadeiros inimigos da Igreja estão dentro e não fora dela.
A respeito da visita devo escrever que ultrapassou todas as minhas expectativas: homilias serenas e consistentes, nada apontando para "facilidades", um homem sorridente e afável, nunca dando sinais de enfado, mesmo na sua velhice e cansaço mais que justificado. Os debitadores de idéias e preconceitos "à la carte", sem conhecerem o Homem nem a Obra "a meterem a viola no saco", de certeza enraivecidos, porque o Povo não lhes fez a vontade e saíu à rua com Entusiasmo e Alegria.
Obrigado, Santo Padre por ter querido estar connosco. Igreja Portuguesa, que sejas digna de tamanho privilégio!
Nota: Já depois de ter escrito o meu despretensioso comentário, com satisfação transcrevo do "Expresso" de 15-05-2010, da autoria de Fernando Madrinha:
"O Papa que não sorria
Este era o Papa que, segundo os seus críticos, não condenava os casos de pedofilia na Igreja Católica com a clareza necessária, apesar de já o ter feito repetidas vezes. Na viagem para Lisboa, afirmou 'O sofrimento da Igreja vem do interior da Igreja, dos pecados que existem na Igreja'. Mais 'O perdão não exclui a Justiça'. Isto para quem ainda tivesse dúvidas, ou estivesse para as inventar, sobre o modo como Bento XVI entende que devem ser tratadas as 'ervas daninhas' da sua Igreja. Este era o Papa retrógrado e fundamentalista, supostamente intolerante para com as outras religiões e os que não têm religião alguma. No Centro Cultural de Belém, disse; 'A convivência da Igreja com as outras 'verdades' e com a 'verdade' dos outros é uma aprendizagem que a própria Igreja está a fazer'. Este era o Papa enquistado na sua fé, conservador, passadista e, portanto, incapaz de promover o diálogo inter-religioso e de fomentar o ecumenismo. Afirmou, a propósito; 'O diálogo, sem ambiguidades e assente no respeito entre as partes envolvidas, é hoje uma prioridade no mundo, à qual a Igreja não se subtrai.' E ainda sobre a diversidade cultural e a relação entre culturas. 'É preciso fazer com que as pessoas não só aceitem a existência da cultura do outro, mas aspirem a enriquecer-se com ela.'
São exemplos de como, nestes dias da visita a Portugal, Bento XVI passou o tempo a desmentir os mitos, as falsidades e os juízos errados que muitos críticos encartados põem a correr sobre ele e sobre o seu pensamento.
Este era também o Papa que não sorria, incapaz de um gesto afectuoso e de estabelecer empatias com as audiências. Mas vimos como se dirigiu aos jovens na Nunciatura e como eles lhe responderam, vimos como as multidões o receberam no belíssimo palco do Terreiro do Paço, no impressionante cenário de Fátima e na Avenida dos Aliados, ou como o aplaudiram no Centro Cultural de Belém. Compreende-se que tudo isto irrite os que detestam o Papa e o que ele representa. Mas enquanto não lhes for possível o Povo, esse empecilho que trava o passo na política e nos seus esforços para derrubarem os Valores que a Igreja defende - muitas vezes de modo incoerente, é certo, e não raro contraditório com a prática de alguns dos seus membros - têm que ter paciência. Eles, que são criaturas perfeitas e exigem uma Igreja perfeita, embora só esta que combatem assanhadamente e não outras bem menos tolerantes, o que têm a fazer é meter a viola no saco."
Também Henrique Monteiro, na sua coluna de opinião, no mesmo Semanário, nos dá uma idéia dos preconceitos e das "frases feitas" que servem para atacar Bento XVI...

1 comentário:

Maria Helena disse...

Senhor António,
Saudações!
O Seu comentário sobre a postura que o papa há de ter "mão forte e misericordiosa, pois Deus abomina o pecado e ama o pecador" me alivia pois violência gera violência, e a maneira que o colocou, é uma contribuição suave, mas precisa a este mundo por si já tão prejudicado por nossos erros. Fico grata pela sensatez, e por resgatar-me uma boa imagem do Papa a quem conheceu de perto. Fui criada na Igreja Católica, de família abolutamente católica, de onde tenho toda a minha base de fé e intimidade; outro valor é a abertura do papa em aceitar as várias Fés, porque isso significa aceitação genuína pelo ser humano em sua essência e integridade, quero dizer ausência de preconceito, mal que fere fundo as almas.
Agradecida pela generosidade que tem no coração.
Boa Noite e muita Luz em seu caminho!