domingo, junho 28, 2009

Pontes de Esperança

Vieram de todo o lado, ontem! Unidos num só objectivo: semear a Esperança, matando a fome, dando a educação, promovendo e defendendo a vida, a solidariedade e a paz. Há seis anos, num almoço de voluntário da Cáritas com o seu Presidente, agora também aqui connosco, foi lançada a semente para uma campanha de angariação de "padrinhos" para que, à custa de uma pequena renúncia mensal, se pudesse proporcionar uma vida nova, uma vida com Esperança, àquelas Crianças que lá, nas Ilhas do meio do Mundo, pudessem necessitar de ajuda. Concebeu-se como ajuda mínima a importância mensal de 10 €uros. Com este dinheiro o "afilhado" ou a "afilhada" poderia, desfrutar de um bem-estar mínimo. Em cooperação com a Cáritas de S. Tomé foi dado o tiro de partida para a instalação de uma casa que acolhesse bebés, às vezes abandonados na rua, ou à porta de uma instituição e até junto dos caixotes do lixo. Não há muito tempo foi "apanhado" um menino a gatinhar na praia, com cerca de 8 meses... Esta casa está sempre cheia, mas o conforto e o essencial não falta, incluindo a muita dedicação dos responsáveis e trabalhadores.
Mas vamos a este dia propriamente dito. Juntámo-nos no jardim da beira-rio, em Setúbal. Instalámo-nos a bordo do "Évora" e fizemos um passeio pelo "Rio Azul", admirando a Serra da Arrábida e as suas praias - Albarquel, Figueirinha, Galapos, Galapinhos, Coelhos, Portinho... - e a bela e extensa Tróia, na margem esquerda, agora tão cosmopolita e tão diferente daquela que, há 40 ou 50 anos, era a "praia do povo"... O almoço decorreu no Restaurante "Gandum´s", numa linda quinta ali para os lados de S. Paulo. Bem escolhido. Decorreu sem muitos elogios nem protestos. Chegada a oportunidade, a Drª. Madalena, a alma grande destes projectos, deu as últimas notícias. As novas valências de acolhimento de crianças e adolescentes em S. João dos Angolares e em Ribeira Afonso. Também já funcionava o Centro de acolhimento, na vila das Neves, para cerca de 200 crianças, a cargo de uma educadora, 3 vigilantes e um guarda, com o encargo salarial mensal destas cinco pessoas no valor de 450 €uros. Repito: 450 €uros para CINCO pessoas. Sem direito a Sindicato nem a protestos! E com um clima danado... O salário mensal de um professor é de 93 €uros...Não dá para beber sequer uma cerveja por dia... Em frente! As crianças são recebidas, às 6h 45m e tomam a sua primeira refeição - 3 bolachas!!! Pelas 10 horas partilham as pobres merendas que levaram de casa. Ao meio-dia tomam a única refeição quente do dia, o que nem sempre é possível, dada a escassez de meios, depois do que regressam às suas "casas". Até ao dia seguinte!
Feitas as contas e no sentido de sensibilizar os "padrinhos" e "madrinhas" para um maior esforço financeiro foram apresentados os seguintes números: o encargo mensal por cada Criança e adolescente anda entre os 8,70 e os 12,50 €uros. Há religiosas que entregam os seus magros "vencimentos" de cerca de 50 €uros para as instituições em que trabalham. Os "padrinhos" que já excederam a procura estão agora com um deficit de 49. Cada um assumiu o compromisso de divulgar os projectos pelos meios ao seu alcance. Foi-nos dada a informação de que as importâncias subscritas por cada um de nós não vai à posse das famílias, mas é gerida pelas próprias casa, de modo a que chegue para responder às necessidades básicas de cada "afilhado": livros, vestuário, calçado, material escolar, alimentos, vacinas e outros medicamentos e até a prenda para o dia mais festivo das crianças do Arquipélago, que não é o Natal, mas o seu dia 1 de Junho. Lá, o "Dia Internacional da Criança" é feriado! E é o seu grande dia de festa e das prendas!!!
Ir a S. Tomé passear e ajudar? A ideia foi lançada e pode ser realidade daqui a um ano. Começámos logo a idealizar projectos, sobretudo nas áreas do Ensino e da Saúde. Também no apoio a uma escola de pesca. E até mesmo promover a instalação de uma salina. Vivi lá cinco anos e acho difícil. Seríamos nós "a inventa a pólvora". A razão desta ideia veio da notícia de que ainda, recentemente, teriam estado 3 meses sem sal. TRÊS MESES SEM SAL???!!!! Por acaso confirmei esta notícia no portal do governo santomense...
Falou-se dos muitos, muitos dólares que por lá têm passado; da indolência dos santomenses; do abandono das roças e dos mares, chegando a haver falta de produtos de primeira necessidade e até de peixe... pasme-se! Tantas e tantas histórias de pobreza e de desperdício!!! É mesmo preciso lançar pontes de Esperança. Estou a ajudar na sua construção. Voltaria lá com Alegria!!!! Talvez Deus me conceda tal graça já daqui a um ano!
Ora, abane lá esse K7!!!

Sem comentários: