sábado, abril 11, 2009

Senhora do Silêncio!

A Sexta Feira do Sofrimento, das Dores, da Paixão terminara, enfim! Mãe amantíssima, coração despedaçado, torturada pelo martírio de seu Filho, agora a repousar no sepulcro que a Caridade de um amigo lhe cedeu, Maria regressa ao abrigo onde os discípulos se esconderam para fugir da fúria da populaça. A mesma que, dias antes, O aclamara com hossanas e palmas.
"...O Todo Poderoso fez em mim maravilhas. Santo é o Seu Nome. A Sua Misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do Seu braço e dispersou os soberbos..." consegue ainda cantar, como todos os dias fizera, desde aquele dia em que tudo começou. Maria da Esperança. Maria da Fé!
O sábado amanhecera sereno e luminoso, como não acontecia, há muito. Pareceu que a Natureza não quisera perturbar o sono do seu Criador. Também Maria se associa e recolhe-se perante o seu Senhor. Maria do Silêncio!
Mãe Santíssima, Mãe de Jesus Sepultado, minha Mãe, nossa Mãe, neste dia de Esperança e de Silêncio, venho pedir-te pelas nossas mães silenciosas e sem esperança: as mães que também perderam os filhos na guerra; s mães que perderam os filhos nos acidentes de trabalho e das estradas; ainda as mães que perderam os filhos nos caminhos tortuosos da vida, a droga, a prostituição e o crime; as mães que vêem os seus filhos amarrados, sem esperança, na cama de um hospital, numa cadeira de rodas ou metidos numa prisão; as mães que são maltratadas e desprezadas pelos filhos; as mães que se sentem incapazes de educar os seus filhos, ainda que pequeninos; as mães que, um dia, sentiram os filhos desaparecer das suas vidas sem nunca mais darem notícias; as mães que têm os filhos, cada dia, batendo de porta em porta, à procura de trabalho; as mães que, por falta da solidariedade e de amor, são obrigadas a matar os seus filhos, ainda dentro delas, indefesas e indefesos; as mães que vêem os seus filhos com empregos precários, mal pagos e mal amados, numa sociedade iníqua e exploradora dos mais fracos. Mãe do Silêncio, numa palavra, neste dia do silêncio, enquanto esperas aleluias a cantar, confio-te o sofrimento silencioso de todas as mães que sofrem no mundo inteiro. Oh! Mãe de todas as mães, ensina-nos a esperar, como Tu, com Esperança. E a acreditar nessa esperança como tu acreditaste.
Ó Mãe, esta aprendi-a no meu "cursilho de cristandade", talvez o momento em que mais perto estive de teu Filho. Não estranhes que ta ofereça, Mãe, pois ela canta a Esperança de uma Primavera que cheia de vida...

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