quinta-feira, julho 09, 2009

Há cada PADRE!!!

O edifício da que já foi uma Escola frequentada por centenas de Crianças e o da Sede de "A UNIÃO de Aldeia de João Pires" ficam em frente um do outro, com a estrada de permeio, na saída Sul da povoação, em direcção ao concelho de Idanha. Ontem à tarde, de passagem para Medelim, foi grande o meu espanto, ao avistar um bom grupo dos meus conterrâneos - "de certeza" os que ainda se podem mexer, mesmo que com ajuda da bengala, calmamente sentados, à sombra, dando ideia de que algo de diferente estava a acontecer ou ia acontecer. Na brincadeira, digo para a minha Mulher:
- Olha, os "Cucos" ainda estão a festejar os 100 anos da Banda!!!
Com a aproximação, dei-me conta das muitas caras conhecidas e, devido ao meu feitio, não resisti: encostei o carro, saltei para a berma da estrada, cumprimentos para aqui e para ali e perguntei:
- Ó Lai, que "pagode" é este?
Em jeito de explicação, esta Lai era uma das primas favoritas da minha Mãe - e minha também é - andou comigo ao colo e ainda hoje não me atrevo a tratá-la por TU! Respeito grande, Amizade muito maior! Uma grande Mulher, que a vida duramente experimentou. Sempre fiel! Valente, mesmo!!!
- Olha, estamos à espera do Padre Zé Joaquim para a aula de ginástica!!!
"Segurem-me, senão eu caio!!! Padre José Joaquim!!! Aula de ginástica!!! Atletas quase todos mais velhos do que eu!!! Alguns encostados à bengala..." - pensei comigo.
- Ó Prima, deixe-se de brincadeiras e conte-me lá que festa é esta?
- É como te digo! Só não começámos ainda, porque ele foi fazer um funeral à Idanha e deve estar a chegar. Mas ninguém arranca pé.
- Ó Lai, tem de me contar. Esta só mesmo à vista!!!
Conheci o Padre José Joaquim no dia de Páscoa de 2006. Umas semanas antes, constara-me, que após uma longa interrupção, íamos ter as "boas-festas" da Ressurreição. A casa onde nasci fora reinaugurada tempos atrás e a perspectiva de reviver uma cerimónia em que tantas vezes participara, agradava-me sobremaneira e, nessa condição, nos deslocámos para lá. Foi uma tarde inteira de espera ansiosa. A minha Mulher esmerou-se para receber o cortejo pascal com uns miminhos. E "nunca mais era meio-dia", isto é, nunca mais chegava a nossa hora!
Já o Sol desaparecia por detrás do "Barroco Gordo", quando nos passa pela porta de entrada um calmeirão que teve de curvar-se para entrar no nosso Lar. Vira-o na Missa da Ressurreição, mas agora, a nosso lado, era bem maior. Risonho, simpático, bem disposto, desprendia-se dele uma cativante simplicidade, quase infantil, no melhor sentido que esta palavra possa ter. O cortejo há muito que "dera o que tinha para dar". Os mais velhos não aguentaram e os novos não estavam para sacrifícios. Só o Pároco e um acompanhante - que também já "entrara" "na segunda parte" - com a Cruz para dar o Senhor a beijar. Sabíamos que tinha os segundos contados, que não iria comer nem beber nada, mas quis informar-se de quem éramos nós e donde vínhamos e depois "ala, que se faz tarde". Ficou no ar um "incenso" de juventude e bondade - a caldeirinha de água benta já desistira também - quase deixando saudades. Foi um momento único, inesquecível, pela pessoa, pelo gesto, pelo desapego, pelo sacrifício. Pela "ressurreição" de coisas já "enterrradas". Que eu vivera bem por dentro. Estava numa privilegiada posição para avaliar o significado de tal acontecimento. Fiquei-lhe grato. Ficamos-lhe gratos.
Continuei a ouvir falar dele, do Padre José Joaquim. Quase sempre pelas melhores razões, mas por esta eu não esperava. Não esperava mesmo!
- Então ouve! - continuou a minha Prima. O Padre José Joaquim está a tirar o Mestrado em Educação Física. Há uns meses, apresentou lá na Universidade um projecto que era pôr esta gente toda a mexer. Assim, logo que ele chegue, entramos no salão da Banda e é uma festa. Como vês, o interesse é muito e já temos até a promessa de que isto vai continuar, depois do seu Mestrado, se o Senhor Bispo não nos "pregar uma partida". E olha que também venho à Escola, à noite, aprender aquilo para que não tive tempo, quando era mais nova.
Havia um brilho de juvenil encanto nos olhos da minha Lai. Também nos olhos daqueles meus Amigos e conterrâneos, perto de 40. Na sua maioria, Senhoras! Algumas barrigas, mais nos homens, a do meu Amigo Romão quase a ganhar-me. Mas todos com o seu Padre. O seu Padre com todos eles.
Tinha mesmo de seguir em busca de umas "lambarices" da "nossa" terra para fazer mal ao colesterol. Se calhar... fazer "bem". E aos diabetes. Diabretes... um nome mais apropriado. É sempre assim: o que é bom... ou faz mal... ou é pecado!!! Seguia ainda um pouco atordoado com o que vira e ouvira e, um quilómetro percorrido, em sentido contrário, lá na grande curva da primeira ponte, entra, "a matar", "prego a fundo", um pequeno "comercial" branco, de 2 lugares. Mal cabendo lá dentro, ainda reconheço o Padre Zé Joaquim. Ele devia saber que ninguém arredaria pé, aguardando o tempo que fosse preciso. CATIVARA-OS!!! Mas quem gosta de chegar atrasado?!
Ele há cada PADRE!!! Graças a Deus!
PS: No próximo Sábado será o dia da AVALIAÇÃO. UI! A palavra terror dos professores! Estes Alunos briosos e valentes, não vá o diabo tecê-las e "dar chumbo" - afinal há lá coxos e "marrecos" - já estão a preparar o banquete. Com o Professor! De boca doce, claro! Uma sugestão para a Ministra...

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