sábado, julho 04, 2009

José Afonso, o Silêncio que fala!!!

"O prémio espanhol Memorial LiberPress foi atribuído, este ano, a José Afonso e vai ser entregue, amanhã, numa cerimónia simbólica, na campa do cantor e compositor, no Cemitério da Nossa Senhora da Piedade, em Setúbal.
O prémio é atribuído, desde o ano passado, pela Asociacion LiberPress, com sede em Girona, Espanha, distinguindo, a título póstumo, uma personalidade que tenha lutado pela dignidade e os direitos humanos e cujo percurso de vida possa servir de exemplo à sociedade.
Fonte próxima da Associação disse, hoje, à Lusa que a iniciativa da cerimónia tem a colaboração da Associação José Afonso e da presidência da Câmara de Setúbal, e terá lugar às 11h00.
O acto simbólico de homenagem a José Afonso contará com as presenças de uma delegação da LiberPress, chefiada pelo seu presidente, Carles McCragh, do presidente da Deputation de Girona - que engloba 220 municípios - Enric Vilert, e da presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira. Também estarão presentes o vice-reitor da Universidade de Aveiro, Manuel Assunção, o presidente da Associação José Afonso, Francisco Fanhais, o jornalista Adelino Gomes, a filha de José Afonso, Helena Afonso, e amigos do cantor.
O prémio Memorial LiberPress é representado por uma placa que será, mais tarde, colocada na Universidade de Aveiro, num pequeno jardim anexo a um edifício onde existe uma livraria e uma sala de espectáculos e exposições.
O cantor e compositor José Afonso, nascido em Aveiro em 1929 e falecido em Setúbal, em 1987, ficou para sempre associado à música popular portuguesa e de intervenção contra a ditadura do Estado Novo.
Com carácter não-governamental, humanitário e sem fins lucrativos, a Associação LiberPress foi criada em Girona, em 1999, para promover a cultura de solidariedade, e procura envolver os meios de comunicação social nesse movimento realizando conferências, debates, exposições e jornadas.
Criado em 2008, o Prémio Memorial LiberPress foi então atribuído à jornalista e fotógrafa de guerra Gerda Taro, uma alemã de origem judia, que morreu num acidente, em 1937, perto de Madrid, durante a retirada das tropas republicanas, quando fazia a cobertura da Guerra Civil de Espanha".
Jornal Público de 03 JUL 2009.
Pois! Convocado pelo noticiário regional da "Rádio Sim", do seu estúdio em Palmela, não poderia deixar de comparecer. A manhã estava quente, ali em baixo a frescura do Rio Azul e, mais longe, a Serra da Arrábida, em todo o seu esplendor.
Conheço o caminho. Cemitério quase deserto, em completo sossego, fácil foi chegar à campa. Parecia ainda mais humilde, com os cravos vermelhos sempre presentes. Fui o primeiro. "Nuestros hermanos" nem parecia que tinham vindo de longe, de tão longe. Logo a seguir. Todos nos entendemos, diversas as línguas utilizadas: português, catalão, castelhano, francês, inglês. Não consegui fazer-me compreender - ou não percebi a resposta... - indagando a forma como surgiu o Zeca indigitado para o Prémio Memorial. Logo no seu 2º. ano. Dedicado aos que morreram. Há outros prémios LiberPress para os que vivem: poesia, fotografia, direitos humanos... Pessoas que se tenham distinguido a tornar o "mundo melhor". Dos Estatutos! Já atribuídos, desde 1999. A Filha de José Afonso, a doce Helena, deu as boas vindas aos presentes e agradeceu mais esta homenagem "ao Zeca"! O Presidente da Associação catalã falou, em Português, de José Afonso. Do significado do seu Silêncio tão expressivo, actual e actuante no que nos escreveu e cantou. O Vice-Reitor da Universidade de Aveiro, cidade onde o Zeca nasceu, a justificar a deslocação da placa comemorativa, ali presente, alusiva ao Prémio, para aquela Escola Superior. José Afonso é o futuro. As duas Tunas académicas da UA acolhem-no e cantam-no. As palavras sentidas, sinceras de Adelino Gomes a evocar o Homem, o Poeta, o Cantor, o Amigo. Falou pela "Associação José Afonso", AJA. A emoção de Francisco Fanhais, o Presidente, não garantia que conseguisse levar as suas palavras até ao fim! Maria de Lurdes Meira, a Presidente do Município setubalense, sábias palavras. Zeca não é de Aveiro, por lá ter nascido, nem é de Setúbal, por aqui ter morrido. José Afonso é cidadão do Mundo.
Não éramos muitos, menos de 40. Poucos para tanto Valor a homenagear. Firmemente, sob a voz sempre linda de Francisco Fanhais, todos cantaram, como podiam e sabiam, mas de coração ao alto, "Grândola, Vila Morena". Grândola, que não quis ou não pode estar presente! Mas devia!!!

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