segunda-feira, novembro 02, 2009

No olival

A moda da azeitona

Azeitona galeguinha,
Quando vai para o lagar,
É como a moça solteira,
Quando se vai a casar.
Ólóai... larilólela! Ólóai... larilóló!!!


Azeitona cordovil,
Deita azeite mais claro,
Para ir alumiar,
À Senhora do Rosário.
Ólóai... larilólela! Ólóai... larilóloó!!!Azeitona galeguinha,
O rouxinol a devora,
Pega nela com o bico,
Bate a asa vai-se embora.
Ólóai... larilólela! Ólóai... larilóló!!!

Azeitona galeguinha,
Apanhada uma a uma,
Estes rapazes de agora,
Não têm "planta" nenhuma.
Ólóai... larilólela! Ólóai... larilóló!!!

A oliveira é paz,
A macieira ciência,
O amor fora da terra,
Faz perder a paciência.
Ólóai... larilólela! Ólóai... larilóló!!!!!
A moda da azeitona era cantada pelos ranchos que, ao "quinto", com frio, chuva e muito trabalho, iam recolhendo os frutos da oliveira para encherem os enormes potes de azeite dos grandes proprietários e de que receberiam uns litros para, bem "governado", ir dando para temperar as comidas e acender as candeias.
Esta moda tomava uma especial alegria ao anoitecer do dia do encerramento dos trabalhos, nomeadamente da Casa Maior, quando, o som da concertina acompanhava as muitas e afinadas gargantas que, em coro, cantavam as quadras que acima se transcrevem, para fazerem a entrega do ramo de oliveira, enfeitado com flores e laranjas, aos donos dos olivais, recebendo, em troca, os produtos necessários à confecção de uma ceia melhorada e a que se seguia o baile.
Confesso que era um dos nossos cantares das fainas agrícolas que mais me agradava e ainda hoje me emociona. Muito, muito lindo! Ouvi-o, há dois dias, no Rádio Clube de Monsanto, instituição que muito defende e dá a conhecer a nossa Beira nas suas tradições, na sua riqueza cultural, etnográfica e folclórica. Por todo o Mundo!
Pena que, às quadras, não possa juntar a linda melodia, que fazem parte da minha vida, especialmente da minha meninice e da minha juventude.

Sem comentários: