sexta-feira, junho 24, 2016

Cenas da vida militar 4

Vi-o, pessoalmente e pela última vez, faz agora 48 anos. Era manhã de São João daquele ano distante de 1968 e o N/M "Império", um dos orgulhos da nossa Marinha Mercante de então - hoje nem se imagina o que isso foi... - atracara, na doca de Alcântara, depois da maravilhosa sensação de regressar a casa, Tejo acima, a ver de Cascais até Lisboa, sob o lindo sol daquele dia do Verão a começar.
Os abraços habituais com palmadas nas costas, "apareça que vou gostar de o ver, um beijo à sua mulher", "está lá em baixo, no cais, já a vi com a Menina ao colo", "então, adeus!
E foi. Para sempre. Aqui tão perto...
Haviam sido dois anos de trabalhos na segurança e na informação das transmissões das nossas forças armadas que, na prática, terminaram ali. Ouviria falar muito dele nas televisões e nas rádios, ver a sua imagens nas capas de jornais e revistas - não tão famoso como o foi a sua filha Catarina.
Depois, um dia, há sempre esse dia, a noticia da sua partida. Para sempre.
Descanse, em paz.
Hoje deu-me para ter saudades suas a daquela sua maneira de ser Oficial que, entre a outras coisas, me "ganharam" 5 dias de "licença para noivar" (???) que, sem a sua coragem um tanto irresponsável, me levou a "desertar" do Quartel do Morro para cinco dias únicos da minha vida, na nossa vida.
-Vá, que eu entendo-me com o Capitão. E com o Comandante, mas não vai ser preciso.
E não foi!
Obrigado, Eduardo!

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