sábado, abril 25, 2009

Não estavas lá

Um dia e pêras! Levantar às 5 da manhã, apanhar comboios e metro para estar em Castelo Branco, pelas 11 horas e poucos minutos, já não seria obra de monta, nos dias que correm. Por isso, fora assim decidido e não me arrependi. O Curso do Magistério finalista de 1961 estava convocado, desde há um ano, para celebrar 48 anos de desafios, de derrotas e vitórias, de ilusões, sonhos e pesadelos, vidas dedicadas às Crianças, às Famílias, a Portugal e ao Mundo. Quase parece megalomania, mas é assim que penso. Como penso, escrevo. A viagem de comboio, na ida, de manhã cedo, e no regresso, durante a tarde, proporcionou-me desfrutar de um espectáculo que que me fugia, há muitos anos: passear pela lezíria ribatejana e pelo vale do Tejo até "Portas do Ródão", subindo depois aos terrenos da capital da nossa Beira, com uma avalanche de cores entrando, em catadupa, pelos meus olhos, tornando impossível digerir tão farta "refeição"... Na lezíria vi - para além de uma enormidade de terreno de alta qualidade agrícola a ser preparado para mais uma urbanização a NE de Vila Franca - vi, dizia, vastas áreas de terras lavradas e preparadas para as sementeiras da Primavera. Vi depois um quase infindável oceano verde pejado de mil cores: as margaridas, as giestas, os tojos, as carquejas, os rosmaninhos, as estevas, os cardos e muitas outras flores mostravam-se em todo o seu esplendor deste final do mês de Abril. Por esta época, as encostas que marginam a nossa viagem tornam-se indescritíveis. Só vendo!
Aqui e ali, quase sempre nos arredores das povoações, também as hortas e pomares se mostravam em toda a sua beleza. De outro tipo: frutos do trabalho e do querer do homem. E da mulher!!! Dando ânimo à nossa alma!
O Encontro deste ano revestia-se de alguma angústia, que se tornará cada vez mais frequente, com o avançar dos anos. Inevitável! Havia já a certeza de que a Idalina Gaspar - a Serraninho já se fora há 4 anos - não cumpriria a promessa de "até p'ro ano" com que nos despedíramos. Doença rápida levou-a, para sempre, de um convívio que tanto animara e pelo qual tanto lutara. Na Missa recordámos os que não mais voltarão e agradecemos pelos que vivem, ali presentes, ou que não puderam/quiseram aparecer. Excelente a homilia do Padre Martinho, por sinal ex-aluno do Tonel, ali presente, pouco dado a estas coisas de religião. A vida brinda-nos com estas partidas: eu, toda a vida armado em "pregador" e nem um aluno no seminário!!!
Não via o Firmino há 48 anos. E outros! E outras! "Estás na mesma, malandro"... "Continuas linda, como em 1961"... "Tu estás mais barrigudo; que fizeste ao cabelo?"... Risos e gargalhadas, com estas "mentiras piedosas" ou verdades adocicads... E a/s Carmo/s. A Carolina, a mais novinha do Curso. Garantidamente, ainda bem atraente. E a Maria dos Anjos. Com ela e as Carmos são 3 da Sobreira Formosa. A Maria José, da Idanha, a quem pergunto pela D. Bernarda - fomos colegas em Proença-a-Velha - agora entretida com as "Adufeiras", certamente a preparar a festa da Senhora do Almurtão, daqui a 2 dias. "Já está velhota, mas rija", como se nós não o estivéssemos, e nem sempre rijos... A Laidinha e a Francisca tomaram conta da organização. A Francisca, a dançar, toma o estilo da Sylvie Vartin. Disse-lho. Desconhecia... ou fingiu. Dancei uma marchinha com ela. "Não oiças a letra, que esta música pimba é horrível", dizia-me. E não ouvi. "Homem honrado não tem ouvidos". Foi primeira vez que dancei com uma "garota" do meu Curso!!! Quando as tinha ali "à mão de semear" não sabia dançar. Depois... o tempo voou. O Luís e o Adelino ficarão com o encargo para 2010. "Olha o Mário Rocha. Vi-te nas Caldas, quando lá fiz a recruta!" Uma eternidade... O Domingos apareceu, finalmente. Com o estilo de "Conde", de sempre. Mesmo quando se baldava às aulas e afligia o Dr. Frade Correia para que não perdesse o ano por faltas. Tem tido poucas ralações, nota-se no seu aspecto. Impecável! Pedi à esposa que tirasse uma foto do grupo com a minha máquina e quase só fiquei eu e a parede. Talvez tivesse medo de me cortar... Assim fiquei ao centro - estava na ponta - e não vou publicar. A Amália, a Fernanda, a Madalena - fez-me pena o seu ar "aéreo" ... Não mudou. Pareceu-me que nem a "paixão" pelo Adelino. As fitas que ela fez para o fotografar. Mas acho que "levou a bicicleta" . O Domingos, guarda-redes da equipa e dos "frangos"... Fazer discursos é a sua especialidade. Faltou o Manuel. O "rapaz" mais divertido que conheço. Há dois anos passou um mau bocado e esteve frente a frente com "Ela"... Desta vez foi uma das filhas que estava de partida. Cada uma em seu canto do Mundo. O Sanches e a Mercedes. Serenos e lindos. Dançaram os dois. Só p´ra eles. Como de costume ficámos na mesma mesa. A Aurorita, que viajou no inter-cidades sem nos darmos conta. Vive na Costa da Caparica. Foi cá uma "brasa"... Continua linda! O G. e a B. estarão a viver uma "história" bonita? Oxalá que sim! Eu gosto tanto dos dois que lhes desejo todo o bem do Mundo. E merecem-no. A Amália, doce, serena. Parece uma santa. A Fátima e a prima Emília, esta a vir pela primeira vez. O Zé Pinto. Não sei o que faz para estar tão elegante. Bom, o Tonel também não está mal. A Nelly sempre com as anedotas picantes. Nem lhe assenta o almoço, se não contar pelo menos uma para todos. Fora as que saem à mesa... Terrível, esta cachopa! E o Quim grande!! Rica vida tem levado este rapaz. Nunca se esquece de me contar a história: ao dar posse à minha irmã, lá em V. Franca, "Eu tive um colega com estes apelidos" "É meu irmão" "Não pode ser; ele só tem UM irmão" "É que eu nasci fora de prazo". E lá vem mais um abraço e uma sonora gargalhada. O José Barata apresentou-se com um livro de poesias. Algumas foram ditas. Gostei muito de uma delas. O "grande amor" com a Estrela? Ela já não veio. Nada é eterno... O Leonel, sempre presente, com as dificuldades de quem sofreu uma trombose. Antes do tempo. A doença vem sempre "antes do tempo"... A Eluísa - está assim no registo... - e a Estela estão com bom aspecto. Com a Estela a brincadeira do costume "Então ainda ouves o "Stella, Stella" do Marino Marini???" Há coisas que nunca esquecem. E sorrimos com alegria. A Manuela Fróis vem de longe. Com eu. Tem sido assídua e gostámos de rever-nos. A Maria do Rosário continua com aquela ar de garota travessa que sempre lhe conheci. Esquiva a atraente, ao mesmo tempo. É das que menos perderam "com a idade". A Zélia, veio pela primeira vez. Serena. Como sempre, está uma linda também. A Rosalina cheia de serenidade de quem viveu uma vida sem sobressaltos. Seria? Deus queira que sim.
A refeição foi o que menos interessou. Nada de espantar, mas o espaço é uma maravilha. E prefiro comer "pior" e estar à larga, com grande conforto. Um salão de hotel só p´ra nós. Se pudesse, teria comido apenas queijos e presunto. Dos melhores. Mas este colesterol é terrível. Interrogo-me sempre sobre o nosso destino: o que é bom ... ou faz mal ...ou é pecado!!! Que "tragédia"!
Já não assisti ao partir do bolo. A Laidinha telefonou-me - interessando-se pela minha chegada, uma querida, como sempre, bem maltratada pela vida!!! - e disse-me que estiveram até perto das 19 horas. Eu quis vir no "inter" das 16. Andar em Lisboa, pelas tantas da noite, nos túneis do Metro ou nas estações de comboio, é coisa que já não dá para a minha idade. Nem para muitos mais novos. Voltei a encher os olhos de verde, de terra, de água, de beleza. Agora me lembro: não vi qualquer rebanho. Que se passará, havendo tantas pastagens???
Às 21 horas entrava em casa. Não me lembro de adormecer. E esta?! Graças a Deus!!!
Idalina, não estavas lá, mas sempre foste uma romântica. Tenho a certeza de que gostavas destas e há muito tempo que as não ouvias. Aqui te ficam com a minha, com a nossa saudade! Não te esqueceremos!

1 comentário:

Zé Morgas disse...

Será quem eu penso, António Serrano?
Meu professor em Penamacor, na 4ª classe, no ano lectivo de 70 /71?